Não deu duas semanas da reunião em Pelotas que debateu o futuro dos pedágios da região e, pelo visto, o bolso da população vai sentir os efeitos de mais um reajuste nos trechos do polo Pelotas, administrados pela Ecosul. Ainda não há garantia de preço, mas pode ir a 28% de acréscimo, ou seja, passar a R$ 19,50. Na prática, é quase R$ 40 só para ir de Pelotas a Canguçu ou a Rio Grande, por exemplo. A alcunha de "pedágio mais caro do Rio Grande do Sul" não é à toa.

O contrato com a Ecosul encerra em pouco mais de dois anos. A partir de 2026, haverá uma nova concessão, com novas regras, novos moldes, novo preço e talvez até uma nova empresa. No entanto, serão muitos meses do reajuste sendo sentido no bolso. Todos os cenários e estudos indicam que o preço está acima do praticado e vai subir ainda mais! É urgente amarras mais firmes que evitem esse tipo de situação. O argumento da qualidade das vias é sempre aceitável, mas nem por isso o preço deixa de ser absurdo.

Paralelo a isso, o governador Eduardo Leite anunciou o pacote de cortes de incentivos fiscais para compensar o reajuste do ICMS que não veio. Dessa forma, 64 setores produtivos serão impactados, havendo aumento da tributação de produtos da cesta básica. Entidades empresariais e lideranças criticam que a medida vai gerar aumento no preço dos alimentos e tirar competitividade do Rio Grande do Sul frente a outros estados da Federação, como Santa Catarina.

Quem paga tudo, no fim das contas, é o cidadão. Menos competitividade, menos dinheiro, maior custo de vida, quedas de empregos… Os gargalos são muitos e a vida nas cidades acaba sendo impactada diretamente por decisões e canetaços tomados em outras instâncias. Os dois assuntos acima citados foram tema de Editoriais do DP na última semana. Em ambos, se debatia os cenários possíveis a partir das discussões. Nos dois casos, também, a questão se desenrolou para apertar o bolso da população.

No final de ano, com outros impostos a serem pagos, além das clássicas compras das festas, esse tipo de notícia chega para desanimar ainda mais a sociedade em geral. Em momentos que se debate tanto potencialidades e caminhos para o crescimento, freios e amarras que nos mantém travados são sempre motivos para lamentação.